Vincent van Gogh não pintava apenas paisagens, ele transformava lugares reais em portais para suas emoções mais intensas. Cada pincelada capturava a luz, o vento, a terra e, sobretudo, o que se passava dentro dele. Neste blog, propomos um mergulho duplo: uma imersão em suas obras e também nos cenários que as inspiraram. Para isso, vamos usar exclusivamente os quadros disponíveis na seleção acima, explorando os destinos reais que hoje podem ser visitados por amantes da arte e da história.
1. Arles, França: A Luz do Sul
Van Gogh se mudou para Arles em 1888 em busca de uma luz mais vibrante e de uma nova fase de sua carreira. E foi ali que ele produziu algumas de suas obras mais conhecidas, e que você encontra nesta coleção.
🌻 Sunflowers, Vase with 12 Sunflowers e Vase with 03 Sunflowers
Esses girassóis não vieram da imaginação. Van Gogh os colheu nos campos ensolarados de Arles e os pintou em série para decorar o quarto de Paul Gauguin¹. Hoje, o lugar onde ele viveu, conhecido como Casa Amarela, não existe mais, mas você pode visitar:
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O espaço onde ficava a casa (com uma placa histórica);
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O Café Van Gogh, cenário direto de Café Terrace at Night, ainda está lá, com fachada amarela e mesas na calçada, quase idêntico ao da obra.
¹ Blog sobre a relação - Gauguin & Van Gogh
🌌 The Starry Night Over the Rhône
The Starry Night Over the Rhône, 1888.
Pintado próximo à Ponte de Trinquetaille, esse céu estrelado reflete o brilho do Ródano. À noite, caminhando à beira do rio, você ainda consegue ver uma paisagem parecida, embora a cidade tenha mudado, a posição das estrelas permanece.
2. Saint-Rémy-de-Provence: Pintando o Silêncio
Após um colapso mental, Van Gogh internou-se voluntariamente no asilo de Saint-Paul-de-Mausole, em Saint-Rémy. Foi um dos períodos mais produtivos e intensos da sua vida.
🌙 The Starry Night
Um dos quadros mais famosos da história foi pintado da janela de seu quarto no asilo. A montanha vista ao fundo é inspirada nos Alpilles, cadeia rochosa que cerca a cidade. É possível visitar:
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O próprio Saint-Paul-de-Mausole, que hoje recebe visitantes e exibe réplicas das obras;
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Trilhas ao redor do hospital levam a locais marcados com painéis que reproduzem pinturas de Van Gogh exatamente onde foram feitas.
🌳 Olive Trees e Cypresses
Esses temas aparecem frequentemente nas obras de Saint-Rémy. Os campos ao redor do asilo eram povoados de oliveiras e ciprestes, árvores que, para Van Gogh, simbolizavam vida, morte e eternidade. O calor do verão provençal, a vibração da vegetação e o céu cortante estão todos ali.
3. Auvers-sur-Oise: O Último Suspiro
Nos últimos meses de vida, Van Gogh viveu em Auvers-sur-Oise, cidade ao norte de Paris. Foi ali que ele produziu mais de 70 pinturas em apenas 70 dias.
🌾 Wheatfield with Crows
Esse campo de trigo cortado por um caminho solitário é muitas vezes interpretado como uma premonição de sua morte. É possível caminhar por esse mesmo campo, ainda preservado, ao lado do Cemitério de Auvers, onde Van Gogh e seu irmão Theo estão enterrados.
🏡 Houses and Figure
A vila de Auvers ainda mantém muito de sua arquitetura do século XIX. A casa onde ele ficou hospedado, Auberge Ravoux, hoje é um pequeno museu que mantém o quarto onde Van Gogh passou seus últimos dias.
4. Nuenen, Holanda: As Raízes Holandesas
Antes de partir para a França, Van Gogh viveu um período marcante na pequena vila de Nuenen, nos Países Baixos. Foi ali que pintou temas camponeses e desenvolveu seu gosto por naturezas-mortas mais sóbrias, como vemos em:
🍋 Still Life.
Essas obras revelam um lado menos conhecido do artista: sua paleta era mais escura, sua abordagem mais realista. Era o início de sua busca pela verdade através da arte, ainda sem as cores vibrantes que viriam depois. O Museu Vincentre, em Nuenen, oferece um roteiro pelas paisagens e locais ligados a Van Gogh na vila.
5. Paris: A Cidade como Transição
Entre 1886 e 1888, Van Gogh viveu em Paris e teve contato com os impressionistas e pontilhistas. Isso transformou completamente seu estilo. Embora não tenhamos nesta coleção obras dessa fase, é importante citar como Paris moldou sua visão de cor, luz e composição.
Hoje, é possível seguir um roteiro por Montmartre, onde ele morou com seu irmão Theo, e visitar o Museu d'Orsay, que possui uma das maiores coleções de Van Gogh no mundo.
6. Outras Cidades e Obras Presentes na Coleção
Além dos grandes marcos como Arles, Saint-Rémy, Auvers-sur-Oise e Nuenen, outras obras da coleção refletem locais e momentos específicos na trajetória de Van Gogh, que merecem destaque para quem deseja aprofundar seu roteiro artístico:
🛏 Quarto do Van Gogh
Baseado em seu próprio quarto na Casa Amarela, em Arles, essa pintura é uma representação íntima do cotidiano do artista. O local não existe mais, mas o espírito da obra pode ser sentido ao visitar a Fundação Van Gogh em Arles, que recria com detalhes o ambiente e expõe estudos preparatórios da obra.
🌄Green Wheat Fields, Auvers
Esta obra mostra paisagem rural francesa em plena floração, retratando a conexão de Van Gogh com o campo. Em Auvers-sur-Oise, diversos campos são ainda visíveis, especialmente nas trilhas que ligam a vila ao cemitério e ao antigo ateliê do Dr. Gachet, médico e amigo de Van Gogh.
🌼 Irises e Oleanders
Pintadas durante o período de internamento em Saint-Rémy, essas flores eram colhidas nos jardins do asilo. O local ainda preserva esses jardins, e há visitas guiadas que explicam como a flora influenciou diretamente o ciclo final da obra de Van Gogh.
Conclusão: Um Artista, Muitos Caminhos
Viajar pelos locais que Van Gogh pintou é mais do que turismo, é caminhar por dentro da sensibilidade de um artista que viu beleza no ordinário, dor na natureza e esperança na cor.
Com esta seleção de obras, é possível não só decorar a casa com peças cheias de história, mas também entender os lugares e momentos que moldaram uma das mentes mais intensas da arte moderna.
Cada quadro é um ponto no mapa da vida de Van Gogh. E cada lugar, um capítulo dessa história escrita com tinta e luz.